O ex-deputado estadual Roberto Razuk, de 84 anos, está internado no Hospital do Coração, em Dourados. Alvo da quarta fase da Operação Successione, que investiga o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul, ele foi preso no dia 25 de novembro e atualmente cumpre prisão domiciliar monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ao Campo Grande News, o advogado João Arnar Ribeiro confirmou que Razuk está hospitalizado há pelo menos três dias devido ao agravamento de seu quadro de saúde. Segundo o defensor, a internação foi autorizada pela Justiça. "O quadro de saúde dele é bem grave. Era para estar em tratamento em São Paulo", afirmou Arnar Ribeiro.
No pedido de prisão domiciliar, apresentado no dia da operação e acatado pela juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, titular da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, os advogados de defesa afirmaram que Roberto Razuk tem estado de saúde "extremamente debilitado".
Segundo os advogados João Arnar e Leonardo A. Ribeiro, além da idade avançada, o patriarca da família Razuk é portador de diversas comorbidades graves, necessita do uso constante de aparelho de oxigênio e está em “risco iminente de óbito”.
Prisões
O ex-deputado, os filhos Rafael Godoy Razuk e Jorge Razuk Neto foram presos na quarta fase da Operação Successione, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Outros 17 mandados de prisão foram expedidos, dos quais 14 foram cumpridos. Três alvos não foram localizados naquele dia – Flávio Henrique Espíndola Figueiredo, de 36 anos, Gerson Chahuan Tobji, 48, e Willians Ribeiro de Oliveira, de 43 anos.
Além das prisões, a quarta fase da operação cumpriu 27 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Dourados, Maracaju, Ponta Porã e Corumbá), Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul.
Essa fase da Successione mirou a estrutura de poder da família de Roberto Razuk, apontada como líder de uma organização criminosa armada, violenta e dedicada ao controle de jogos de azar em Mato Grosso do Sul.
Segundo as investigações, o esquema mantinha o jogo ativo por meio de corrupção, roubos, lavagem de dinheiro e violação de sigilo funcional. A polícia afirma que o grupo atuava com ramificações em MS e ampliava operações para outros estados, como Goiás, onde pretendia assumir o controle do jogo do bicho.
Policial
Entre os presos está o policial militar Anderson Lima Gonçalves, de Ponta Porã. Ele teria repassado informações sigilosas ao grupo em troca de propina. De acordo com o MP (Ministério Público), o sargento acessava sistemas restritos de segurança — Sigo (sistema integrado de gestão operacional) e Infoseg (rede nacional de informações de segurança pública) – para levantar dados de vítimas de extorsão e auxiliar a quadrilha. Uma das ações citadas pelo MP envolveu a suposta articulação para liberar um preso na fronteira, mediante negociação financeira conduzida pelo próprio militar.
A investigação também aponta que o grupo operava dois sites de apostas online. Um deles era administrado por Jorge Razuk Neto. O outro portal estava sob comando de Sérgio Donizete Baltazar, dono da Criativa Technology, empresa de fachada que chegou a participar da licitação da Lotesul, loteria oficial de MS. Segundo o MP, a companhia existia apenas no papel, sem estrutura física ou funcionários, e foi financiada pelo próprio Roberto Razuk – detalhe que já havia levantado suspeitas desde o certame milionário.